Dia 2 30-06-09





S Martinho camping 6.70€

Km 14997 5.10€
A partir das 06h da matina já não se consegue pregar olho com a claridade, tento adormecer mas em vão. Esta noite tive um sonho parecia mesmo real, em que estava no meio de uma savana, deve ter sido dos grunhidos dos elefantes, leões e zebras do circo. Saio da tenda as 08h para me deparar com uma nuvem no horizonte que deve ter quilómetros de comprimento, até faltar a vista de norte a sul, penso para mim que ainda não é desta que vou dar uso aos calções. Ao desmontar a tenda ouço que o tema de conversa da turma sou eu, falam que já me vou embora, que não conseguiam acampar sozinhos e ainda por cima de mota, e também ouço a professora que até aqui não me tinha ligado nenhuma, dizer que deve ser complicado andar a montar e desmontar a tenda todos os dias, com uma troca de olhar despeço-me dela.
Sigo por Foz do Arelho, mais uma daquelas praias magnificas que o rio desagua no mar ideal para canoagem, e lá indicam-me que para as Caldas da Rainha tinha de dar uma grande volta, mostro no meu mapa uma estrada junto a foz, ao que eles indicam ser muito complicado tinha de estar sempre a parar e perguntar as pessoas, não lhe disse mas é mesmo isso que eu preciso, falar.
Passo por Óbidos, com o seu castelo sempre em pano de fundo até quilómetros de distancia, ainda noto que as velas em canvas dos moinhos de outrora foram trocadas pelas pás de fibra das torres éolicas. Onde me engano numa placa que indicava Peniche e não havendo outra, entro no IP6, estrada proibida a motociclos, não podendo desfazer do erro e ir em contramão sigo sempre pela berma, sempre agarrar o guiador com força pois os carros passam por mim a alta velocidade que me faz abanar.O meu medo é aparecer a polícia e me multar, ou pior apreender o veículo, ainda faço 4km para sair na primeira saída que encontro mesmos sendo uma localidade desconhecida e sem placas a indicar Peniche, sigo a minha intuição de quem pensa que sabe orientar-se pelo sol, sigo para a esquerda até que dou conta que estou 6km a sul de Peniche, tenho de voltar para trás não posso perder Peniche.
O passado faz alterar o futuro,
e o futuro consegue alterar o passado?
Peniche faz-me lembrar uma pessoa, tenho medo de ter uma recaída ao ver certos sítios, mas ao passear por Peniche concluo que os sentimentos de outrora mudaram, Peniche já não me faz pensar dessa maneira, os sentimentos do passado alteraram…
Logo que entro nos arredores de Peniche já sinto o espírito do surf, passam por mim carrinhas atafulhadas de pranchas acenar-me, miúdas com cabelos compridos, com calção a rapaz e prancha na mão, o cheiro refrescante, e que me lembra velhas histórias, da cera para as pranchas wax.
A primeira praia que vou é a lendária “Super tubos” que hoje as ondas nem fazem um micro tubo, os surfistas não saem dos seus carros, são capazes de ficar horas e horas a espera que o mar levante. É uma boa oportunidade para mim, os grupos de surfistas concentrados a beiras dos seus “pão de forma” começam a falar comigo, a dizer que a mota era muito louca e a perguntar se andava a viajar. Fico lá ainda um bom bocado, até me libertar da camisa de força que era não poder comunicar durante a viagem, para ir ver as restantes praias de Peniche antes de virar para sul. Outra praia que adoro em peniche é o baleal onde tem varios surf house até um surf castle.

Santa Cruz

Km 15128 5.76
Fui a Santa cruz com intenção de almoçar, dei voltas e voltas e não encontro nenhum restaurante com preços acessíveis, decido ir a um restaurante recomendado por dois polícias, que me mandaram a boca que se não era muita carga para a mota.
No restaurante a menina confunde-se o com a dose e meia dose, só sei que no fim só pago meia dose de bacalhau com natas.
Em Ericeira paro em ribeira d´ ilhas, praia com surf camping onde acolhe campeonatos de surf e festivais. Tiro duas horas da viagem para ir a banhos e estender-me ao sol para tirar o bronze a trolha devido a conduzir de t-shirt.
Com uma vista para uma arriba onde um trilho de madeira teima acompanhar até perder de vista, contemplo-me a ver grandes manobras de surf, com a enorme nuvem por trás no horizonte. Pelos quilómetros que já fiz essa nuvem deve ter a extensão de Portugal e esta prestes a chegar a costa, decido partir antes que comece o nevoeiro ou mesmo chuva. Antes de arrancar ainda encontro um velho e amigo surfista fornecedor da element, onde todos os anos me vinha visitar mesmo não querendo nenhuma peça. Depois da Ericeira ainda é um esticão até apanhar outra estrada a beira-mar, só em Azenhas do mar, já perto de Sintra. Até lá tenho de ir a comer pó dos carros na N247. A cinta que me protege das dores de costas esta a perder o efeito, para acalmar um pouco a dor, de vez em quando os condutores que vêem atrás de mim apanham-me em andamento a fazer flexões no guiador, a estalar o pescoço e abanar os braços, até estou aguentar bem a viagem, também devido a preparação do ballet (nome que chamo ir ao ginásio).
Fico de boca aberta com as ondas que estão a quebrar na Praia Grande mesmo no inside, isto é que é qualidade de vida, digo eu para mim, sem ainda reparar na areia onde estavam centenas de raparigas jeitosas, a maior concentração desde o começo da aventura. Mas tenho de partir ainda tenho de chegar ao guincho que é o parque mais perto do centro de Lisboa. Até lá sinto a minha bichinha a fazer o maior sofrimento da vida dela, nas vertiginosas subidas e curvas da serra de Sintra, as sombras, as arvores centenárias as curvas, são paisagens dignas do filme de terror “Acidente na estrada de Sintra”. Ao passar pelo cabo da Roca o nevoeiro abate-se sobre mim, que mal consigo ver as curvas a minha frente, nem os carros a mim. Fico no orbitur do Guincho, que esta parcialmente vazio, estou com azar ainda não vai ser desta que uma moça vai passar creme para as dores de costas. As únicas pessoas que habitam aqui fazem parte do novo conceito de férias que esta em voga, as Auto caravanas. Um deles enquanto preparo e janto, desta vez arroz de tomate e salsichas fica a falar comigo, qual seria o assunto que ele vinha propositadamente falar comigo. Reformado da Armada onde era mecânico. Percebe tudo de vespas tem uma 125, fica a falar até escurecer quando se lembra que a mulher esta a espera e que o vai matar. Aproveitando que ele foi embora, lavo a loiça e tomo banho, para ir até a noite de Cascais. Onde a noite esta bastante fraquinha a primeira paragem é na gelataria “Santini o melhor gelado do mundo” titulo de um jornal datado de 1962 que esta pendurado numa parede, fico a espera na fila uns 10 minutos, ao por na boca o sabor do cone de morango e meloa sabe mil vezes melhor do que esperava, dá a sensação de estar a comer do próprio fruto, só a bolacha fica a desejar podia ser melhorada. Enquanto delicio o gelado meto conversa com duas raparigas que estão na fila e indicam que a noite ali perto era no Tamariz. Acabo de comer o gelado e meto-me de mota na louca marginal até ao Estoril, onde parece que estou na pista do Mónaco, dou voltas e voltas e não encontro os bares, até que um taxista me informa que hoje estava fechado, viro a esquerda para ir pelo menos ao casino do Estoril. No jardim mesmo em frente do casino dei de caras com um campeonato de bmx, diversos bares na relva , tendas com demonstrações e um aglomerado de cabeças a olhar para um ecrã gigante onde esta a dar o filme “Wallie” onde um rapaz e uma rapariga que pertencem a organização dizem-me que é a semana da juventude, reparam no meu penico (nome que chamo ao capacete) e conto-lhes a minha viagem, perguntam se quero ir com eles dar uma volta ao parque e oferecem-me pipocas, sumo, e vários objectos relativo a varias marcas. Mais para

o fim da noite vou até ao Deck bar onde fico todo desorientado com tanta menina gira, talvez por terem mais posses para comprarem roupinha da moda e irem todas as semanas ao cabeleireiro e ao tratamento de pele. Dos pólos dos rapazes saem aromas refrescantes, o meu é bem diferente é mais forte tenho entranhado na roupa o aroma agressivo a gasolina...

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