Dia 5 3-07-09

Vila Nova de Milfontes camping 9.34€
Hoje em dia as raparigas não querem saber de amor, só querem ser ricas só querem saber de dinheiro, arranjam rapazes ricos, a espera que eles sejam a sua luz ao...
Uma luz ao fundo do túnel


Esta noite não preguei olho, farto de dar voltas e voltas no saco cama, saio para começar a fazer o processo que esta a ficar mecânico. Embrulhar a tenda, por tudo nas sacolas, apertar com elásticos á mota. Mesmo assim ainda fico uma hora a aguardar que abra a recepção, acordado desde as 07h00 da manhã, de não conseguir adormecer desde as 04h00 com um pesadelo.
Sonhei com uma luz ao fundo do túnel, acordei ao ver que as luzes eram de um camião.
Hoje vou visitar a praia da Zambujeira, praia da Amália e Odeceixe. Mas o que poucos sabem é de um autêntico jacuzzi natural, situado na Praia das Furnas, só que para chegar lá ainda tem de se fazer umas centenas de metros através de silvas e mato denso, o que me faz desistir da ideia, pois ainda me furtavam as trouxas da mota. Prefiro ir até a praia de Almograve primeiramente de passar pela Zambujeira do Mar.
Mas o que mais receava sucedeu mesmo antes de lá chegar, num buraco a mota manda um salto e cai com o peso todo na roda de trás fazendo entortar o eixo e rebentar o pneu e por pouco não caí uma segunda vez. Tento tirar a roda mas com o eixo torto a roda não sai, vejo-me no meio de uma estrada com descampados dos dois lados e sem nenhuma casa à vista, são 10h00 e é raro passar um carro, a única solução é empurrar a mota até encontrar uma casa. Ainda empurro 2 km sob um sol que aquela hora já se torna insuportável, até encontrar uma casa de férias com piscina e campo de ténis. Quem fosse proprietário tinha no parque um jipe BMW, e uma carrinha Mercedes. Pensei para mim pessoas de nota de certeza que não me vão ajudar. O dono abre-me a porta com pijama vestido e a esfregar os olhos, peço-lhe ajuda ao que ele diz para aguardar um pouco, quando sai, traz um martelo e uma caixa de ferramentas, e ajuda-me a endireitar o eixo e a mudar o pneu. A sua mulher traz-me um sumo de laranja e um croissant misto, que devoro mesmo com as mãos sujas de óleo e com sangue de um pequeno corte, com fome de não ter tomado o pequeno-almoço. Ao trocar a roda para ir embora é que noto que o pneu sobresselente está vazio, que falha não ter visto isso em casa, ainda traz uma bomba de encher o seu barco de borracha, só que o bico é diferente. O dono da quinta, que mora em Leiria e vem sempre que pode para o Alentejo, leva-me de carro a uma bomba que ainda fica a uns 10km, pelo caminho ainda fala da sua vida e faz umas paragens de rotina diária ir buscar o jornal e comprar pão. De volta a casa, a mulher ainda oferece o almoço pois já passa das 13h, mas não posso aceitar pois ainda tenho muito caminho até Sagres. Ao por a carga novamente reparo que as sacolas da roupa e da comida ficaram cheias de óleo de terem estado debaixo da mota enquanto estivemos a martelar o eixo.
Sem nenhum pneu sobresselente vou a praia da Zambujeira, mas sem puder aventurar nalgumas praias com acesso de terra batida, como a praia da Amália, com medo de rebentar outro pneu.
Ao chegar a Odeceixe, em cima de uma falésia encosto na berma da estrada, para tirar uma foto lá para baixo ao rio onde se encontra um casal a andar de canoa. O capacete cai-me com o vento pela falésia abaixo, para ficar preso numas silvas a dois metros abaixo de mim, sem ter outro capacete o único remédio é ir buscá-lo, ao descer com cuidado os meus ténis escorregam na brita da encosta e vou a escorregar uns três metros pelo meio das silvas. Sinto-me todo picado e lá em cima a mota a trabalhar e a máquina pronta a disparar, quem passar por lá agora só basta pegar e ir embora, nos dez minutos que levo a subir só penso no dia de azar que estou a passar, talvez seja de não ter pregado olho.
Para descontrair sento-me numa esplanada com vista para a praia de Odeceixe a saborear um suco de melancia e uma sandes de pão Alentejano com delícias do mar, e lembrar-me dos dias que passei ali à uns anos atrás a fazer Kayaksurf. Até Sagres ainda falta uns 60km, sinto o barulho da mota a morrer e a chiar por todos os lados, faço um desvio até a praia Arrifana que é a subir e reparo que a mota em velocidade reduzida abana-se toda, tem os dois pneus empenados. Será que chego ao destino (Lagos…)?
Finalmente Sagres! Já vejo ao longe o Forte, um ponto principal da minha viagem. Na última rotunda antes do forte ao dar a curva, a mota com o eixo e as rodas empenadas foge-me e se não ponho o pé ao chão ia parar debaixo de um carro. Dou por terminada a minha viagem, é muito arriscado ir até Lagos com a mota assim. Nos últimos 100 metros antes de imobilizar a mota em Vila do Bispo, o mapa que até aqui aguentou sempre junto do guiador, decide-se rasgar, sabe que é o fim da viagem….
Sagres km 15720

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